A Origem dos Guardiões – O Guardião Primordial

CAPITULO II – A CORTE DO AMOR


Seguimos North até o trenó, já que todos sabiam que seria mais rápido, e até mais divertido, pra mim pelo menos. Cupid voava mais a frente no meio dos dragões, nem tinha percebido que estávamos no seu encalço, até finalmente olhar para trás. Todos acenávamos com um sorriso no rosto enquanto North conduzia, Cupid parou no mesmo lugar observando um pouco surpreso.

Assim como já havia mencionado antes suas asas não eram como de um anjo, e agora que sabíamos que seus "ajudantes" eram dragões, era óbvio afirmar que as suas também eram de um. Elas, provavelmente, eram duas vezes o seu tamanho, negras com escamas, simplesmente belíssimas de se ver, o que ainda me estranhava era a prótese de perna de ferro na perna esquerda, claro que ele havia perdido, mas como? Não seria educado perguntar.

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— O que estão fazendo? – Cupid perguntou assim que nos aproximamos dele. – Não deveriam voltar as suas tarefas?

— Nossa tarefa agora é cuidar um dos outros e isso inclui você. – Querendo ou não, quis complementar, ele bufou em resposta, todos pareciam concordar.

— Sabem que não podem entrar sem serem convidados, certo? – Neguei com a cabeça, enquanto os outros faziam o oposto, acho que eu era o único desinformado dali, novamente, ele bufou. – Só não se percam por ai. – E voltou a voar perto dos dragões, seguimos mais de perto.

Cupid não parecia gostar muito da nossa presença, ou pelo menos da minha em questão, o por quê? Ninguém parecia saber responder, parece que foi ódio à primeira vista, em pensar que ele ainda me deu uma flor. Cara complicado, mas era bonito ver como ele cuidava dos dragões como se fossem seus próprios filhos, o que me faz pensar, como eles ajudam ele? Será que saem atirando flechas nas pessoas?

❄❅❆❆❅❄

Depois de um tempo no tédio, acabei por dormir, só reparei isso quando os pequenos dragões a nossa frente subiram mais um pouco, ficando a cima das nuvens, North fez o mesmo com as renas, assim que chegamos a mesma altura ficamos impressionados, pois havia um palácio enorme flutuando.

Seus detalhes se misturavam muito por entre diferentes mitologias, como gregas, romanas, nórdicas, africanas, de todos os tipos, o lugar era inteiramente uma arte mista de religiões. E o tédio que estava passando antes foi trocado pela vontade de explorar o local.

Todos os pequenos dragões se separavam ali, alguns iam para a entrada principal, outros adentravam por outras portas, por janelas, por tudo quando fosse buraco, talvez cada um tivesse o seu próprio espaço, do jeito que aquele lugar era grande, maior até do que o palácio de Tooth. Mais a frente Cupid nos esperava, observando cada movimento nosso e deu para saber o porquê depois de um longo tempo o olhando. Havia uma barreira invisível bem ali e foi possível senti-la quando a atravessávamos, pelo menos eu senti, seguimos mais a frente até North conseguir "estacionar" o trenó, perto da entrada.

— Bem-vindos á Palácio do Amor, onde moramos eu e minha corte de dragões. – Cupid disse aterrissando bem ao nosso lado enquanto todos saíamos do trenó. – Por favor, não toquem nas comidas deles, eles não gostam. Ah, e tentem não quebrar nada também. – Finalizou se direcionando a mim, o que não entendi nem um pouco. Deveria ficar ofendido?

As portas eram enormes e Cupid as empurrou como se não pesassem nada, assim pudemos entrar e ver o lugar com nossos próprios olhos, como era rústico, totalmente diferente do de Tooth, haviam várias estatuas logo na entrada que seguiam por um corredor num tapete vermelho, onde, depois de alguns metros, se abria numa sala enorme redonda.

— Essas são as representações do amor nas antigas religiões. – Cupid afirmou com orgulho logo atrás de nós, o fitei.

— Cupid qual a sua nacionalidade? – Perguntei, ele me olhou como se a resposta fosse óbvia.

— Sou um viking, não pareço? – Retrucou sem delicadeza alguma.

— Mas todas essas estátuas, Cupid é um nome Romano, não é? – Ele bufou.

— Eu devia imaginar que você não sabia de nada. – Virei o rosto, definitivamente, o cara tinha alguma coisa contra mim. – Sim, Cupid é Romano, mas eu sou um viking, só entenda garoto da neve, o amor é um sentimento universal, está em todo o lugar, não serão simples religiões que irão separá-los, existem várias formas de amar alguém, mas o sentimento continua sendo o mesmo.

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Fiquei calado, não iria perguntar mais nada, pra que fazer isso e receber respostas grosseiras? Tinha meu orgulho, me distanciei dos outros enquanto prestava atenção em tudo a minha volta, já estávamos na grande sala redonda e era possível ver pelas janelas, e até nos quartos próximos, os pequenos dragões voando, alguns até descansando, como já era noite.

Uma sala me chamou a atenção, enquanto ouvia Cupid conversando com os outros, respondendo as perguntas deles educadamente. A sala era aconchegante e quente, no chão, diversas criaturas, ainda menores do que as que tinha visto antes, eram basicamente bebês, me aproximei mais um pouco, aquilo me lembrava o "viveiro" de Bunnymund, com todos aqueles ovos frágeis perambulando ali e aqui. Eis que levei um susto ao ver uma sombra enorme passar raspando na minha frente e se escondendo. Levantei o cajado pronto para atacar quem quer que fosse o inimigo, já era possível sentir o ar ficar mais frio.

A sombra pulou para outro lado novamente, mirei no lugar onde parou e atirei, novamente ela pulou, ficamos nisso pelo menos mais duas vezes até ela finalmente atacar com um... raio?

— Parem com isso. – Cupid interviu quando eu já havia caído, no chão onde eu estava antes, uma pequena fumaça se elevava, deixando o cheiro de queimado no ar. – O que você pensa que está fazendo? – Ele não deixou me responder. – Você está bem? – Perguntou se virando a escuridão e caminhando um pouco para trás, chamando com os braços, Tooth foi a única que veio ver se eu estava bem. – Vem.

Das sombras da pequena sala surgiu um dragão preto. Não pude segurar um susto, as asas dele eram iguais as de Cupid, só que maiores, seu pescoço tinham alguns riscos brancos de neve onde eu provavelmente tinha atirado, ou acertado raspando. Tooth me ajudou a levantar e Cupid passou a mão por cima das linhas fazendo elas desaparecerem rapidamente. O dragão me olhou e trocamos um olhar, não demorou muito para que ele rosnasse se é que aquilo podia se chamar de rosnar.

— Calma Toothless, calma. – Cupid batia em sua cabeça gentilmente para que o outro se acalmasse. – O que deu em você garoto da neve?!

— Pensei que fosse a mesma sombra da toca do Pitch, me desculpe, não sabia que era um dragão, esse ai é muito maior do que os outros.

— "Esse aqui" é Toothless, ele quem cuida dos menores quando não estou, você entrou na sala dos recém nascidos, ele estranhou. – Claro, mas que óbvio. Ficamos nesse silencio mortal por mais algum tempo, até uma outra sombra se formar atrás deles, bem menor, Toothless se virou para ver, logo o pequeno se mostrou.

Era um dragão branco, bem branco, não era possível enxergar se tinha braços, só duas pernas e uma calda longa com alguns espinhos, os olhos eram enormes e na sua boca apareciam somente dois dentes. Descuidadamente ele pousou no chão e correu desajeitado por Toothless e Cupid, passando diretamente para o meu lado, onde ele se agarrou as minhas pernas.

Todos ficaram paralisados, inclusive eu que não fazia a mínima ideia do que fazer, podia sentir o coração do pequeno dragão branco batendo contra minha perna. Dragões são carnívoros, não?

❄❅❆❆❅❄

Depois de um tempo constrangedor com todos me olhando e olhando para o dragãozinho, Toothless, o parceiro de Cupid, cuidadosamente segurou o pequeno intruso pela boca e o levou embora. Ninguém ousou dizer nada.

Tudo o que eu fazia para Cupid era motivo de grosseria ou briga, então o melhor seria evitar contato, apenas rondeei os outros enquanto eles seguiam o dono da fortaleza por todos os quartos da sala, vendo todas as variedades de dragões, além de Toothless, não havia nenhum maior ali, todos eram pequenos, diferentes dos do primeiro quarto claro, que eram bebês definitivamente. Cupid explicou como funcionava o tempo de vida dos dragões ali.

— Mesmo desse tamanho, depois que chegam a uma determinada idade, eles morrem, mas da sua morte surge um novo ovo. Assim como a Fênix, eles queimam em chamas e das suas cinzas ressurge uma nova vida, Toothless pega os ovos e leva para a Incubadora, depois que nascem, são levados para a Ala dos Recém-Nascidos, a que está no primeiro andar, depois de aprenderem suas tarefas, eles passam para as Alas do palácio que se sentirem mais confortáveis. – Explicava com orgulho.

— Mas como eles ajudam você? – Tooth indagou o que estava entalado em minha garganta.

— Vou admitir que nem eu mesmo sei. Eles são muito atrapalhados, mas os que não acreditam, não podem vê-los e eles sempre conseguem juntar os casais de alguma forma, deve ser instinto, nunca prestei atenção pra falar a verdade. – Sorriu desajeitado. – Como veem não há muito o que ajudar aqui, a não ser colocar comida para os dragões. – Continuou.

Havia ouvido uma respiração pesada atrás de mim, olhei para trás ninguém, mas aos meus pés estava o dragão branco novamente, dessa vez não estava mais enrolado em mim, pelo contrário, mordia a barra da minha calça e puxava. Sorri, ele não parecia ofensivo.

— Ei que o está fazendo? – Perguntei enquanto me abaixava e afastava ele dali, de primeira deu certo, porém no segundo seguinte ele enrolou sua calda na minha perna e começou a me arrastar para longe dos outros.

Tenho que admitir que aquela cauda machucava um pouco, por conta dos espinhos um pouco afiados. Várias vezes tentei me soltar sem sucesso, passamos por todos os andares da primeira torre, até chegar aonde estava a Ala dos Recém-Nascidos, porém o dragãozinho passou longe dela. Virou em uma esquerda e estávamos numa nova parte, ainda inexplorada, no fim do corredor, estava uma porta fechada, ele tentou com toda sua força abri-la, mas só foi possível quando virei a maçaneta e ele seguiu adentro, me deixando para trás. Não tive escolha se não acompanhá-lo.

O ar estava meio úmido, não consegui controlar a vontade insuportável de tossir e nem foi possível continuar mais a frente. Pude ouvir um barulho, como de alguém engasgando, ou seria tentando vomitar? Uma pequena faísca e logo tudo se iluminou, tochas e mais tochas de chama azul. Estávamos numa espécie de biblioteca.

O pequeno dragão estava a alguns metros de mim, tossindo assim como eu. Me aproximei dele sorrindo de seu pequeno esforço, fui capaz de pegá-lo e segurá-lo em meus braços, pronto para sair dali, até que uma pintura na parede, no limite do lugar, me chamou a atenção. A sua frente estava uma mesa velha com uma vela de chama azul, assim como todas as outras, em cima da mesa um livro chamado "O Conto dos Três Irmãos", nada muito interessante, mas a pintura sim.

Era um tipo de pintura rupestre, como sei? Jamie Bennett, já passei muitas horas com ele naquele quarto o vendo estudar.

Enfim, era algo rupestre, assim como no palácio de Tooth, mas diferente daquela, nessa só havia o desenho da Lua, duas figuras, uma com asas e outra segurando uma haste, mais abaixo uma figura sombria com grades em cima.

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— São Pitch, eu, o protetor do Man in the Moon e ele próprio. – Levei um susto, olhei para trás e lá estava Cupid. Ele começou a andar na nossa direção, as asas contorcidas. – Foi a primeira vez que trancafiamos Pitch na sua própria toca, naquela época, a Era das Trevas, ele ainda não sabia transformar sonhos em pesadelos. – Voltei a observar a pintura.

— Você disse que um é você e o outro era o protetor do Man in the Moon, mas como assim? Protetor?

— Sim, ele existe desde o nascimento do Man in the Moon e o protegia. Para diminuir a influência negativa de Pitch, o Man in the Moon criou outros guardiões para espalhar a esperança, mas antes dos outros, eu e o protetor já estavamos aqui e unimos nossas forças para trancafiá-lo em sua toca.

— E o que houve com ele? – Cupid se aproximou.

— Quem? O protetor do Man in the Moon? – Quando confirmei sua expressão já não era a mesma, estava triste. – Não sei, ele simplesmente sumiu do mapa, depois vieram vocês, os Guardiões, por fim me afastei. – Cupid tocou na pintura, na figura que segurava a haste. – Ainda me pergunto até hoje o que houve com ele. – Ele fez um carinho na cabeça do dragão que ainda segurava. – Parece que você fez uma amizade.

— É parece que sim. – Sorri vendo aqueles olhos enormes.

— Ele é um Fantasma da Neve, extremamente rápido e forte. Pode ficar com ele se quiser. – Fui contestar. – Considere um pedido de desculpas por ter te tratado mal até agora.

— Tudo bem, embora eu não saiba o porquê, mas tudo bem. – Ele riu, passou o braço em volta do meu ombro e nos guiou para fora dali. Aparentemente aquele lugar não o agradava muito.

— Você é frio e eu sou quente. Somos meio que opostos, normal não acha? Não nos darmos bem.

— Não acho, creio que podemos viver em harmonia. – Novamente ele riu, e aquilo estava começando a me irritar, o que poderia ser tão engraçado.

— Você tem razão garoto da neve.

— Significa que estamos bem agora?

— Vou tentar. – Piscou, por fim não era uma risada, e aquilo era sim uma coisa boa. Não era uma piada, nem uma brincadeira, era verdade, uma noticia boa pelo menos.