A Origem dos Guardiões – O Guardião Primordial

CAPITULO I – LE GARDIEN DE L'AMOUR


— E por quê não saímos por aí atrás, ele é um guardião não é? Vai se destacar.

— Ele é um guardião diferente de nós, lembre-se disso Frost. É por isso que temos que ficar bem atentos. – Dizia Bunnymund olhando tudo ao seu redor. Estávamos todos escondidos nos arbustos em volta do monumento, escondendo de possíveis crianças.

— Então por que aqui?

— La Ville De L'Amour, Jack. – Tooth respondeu um pouco envergonhada. – É cidade do amor, em francês. Paris não é só conhecida por ser a cidade da luz e da elegância. – Continuou ao perceber que eu não havia entendido. – Ele está aqui, temos certeza.

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Mas ela também já tinha perdido a paciência, estávamos naquele mesmo ponto há horas e nenhum sinal de um cara com asas soltando flechas nas pessoas por aí. Encontrávamo-nos perto da Torre Eiffel, que, por ser um monumento, atraia muito as pessoas, por isso eles acreditavam que Cupid uma hora apareceria ali, só que era apenas uma hipótese.

Se eu já era independente, ele era mais ainda, segundo o que North havia dito, Cupid havia renascido há muito, muito tempo atrás, antes mesmo de Pitch e ele adorava viajar pelo mundo. Porém, duvidava muito que ele pudesse ser de alguma ajuda contra seja lá o que quer que estivesse acontecendo, mas a curiosidade ainda me mantinha ali, queria ver do que esse guardião que não conhecia seria capaz de fazer. Já tinha ouvido falar de Cupid, pelo menos o tradicional, descrito como um bebê com panos brancos, asas de anjo e um arco e flecha que usava para atirar nas pessoas, ou então como um homem extremamente romantizado e meloso, só de pensar nisso, me dava calafrios. Só queria encontrá-lo logo e acabar com tudo aquilo, no entanto não havia um único sinal de que ele poderia estar ali.

Dali de onde estávamos tínhamos a visão perfeita da Torre Eiffel, abaixo dela, os adultos caminhavam e sentavam no chão, conversando. Alguns se abraçavam, outros se beijavam. Havia um senhor de idade que entregava flores, rosas vermelhas, para todos os casais que passavam na sua frente, sempre sorrindo. Já começava a escurecer e a ansiedade de ir embora aumentava cada vez mais.

Quando minha paciência chegou ao limite, sai de fininho de perto dos outros e me aproximei mais da grande torre de metal, não vi nenhuma criança e nem era a maior preocupação. Os últimos dias não têm sido fáceis, o assunto principal era sobre Pitch e o modo como sumiu diante dos nossos olhos, o cristal revelando um "novo" guardião, ir até Paris atrás de um cara que ninguém conhece direito, e o que fazer depois de encontrá-lo? Ei, você foi escolhido de novo como guardião venha nos ajudar a combater o mal com as suas flechas do amor, por favor, já tinha tirado tanto sarro desse pensamento. Como era bom sorrir. Toquei o cajado nas laterais da torre, formando uma pequena camada de gelo.

— Parece chateado com alguma coisa, meu jovem. – Assim que ouvi aquela voz fiquei paralisado, parecia que alguém estava falando comigo, o que era impossível, segui em frente. – Você não parece ser daqui, por que não pega uma flor para você? – Mais uma vez fui pego de surpresa e comecei a procurar pelo dono da voz apenas para tirar as minhas dúvidas. – É você mesmo, tome, para alegrar seu dia. – Logo percebi quem era; o velho. E, pior, ele estava realmente falando comigo, olhei para trás e não havia ninguém perto, só eu. Só eu e ele com aquele braço enrugado esticado segurando uma rosa na mão, sorrindo, faltavam alguns dentes, o rosto todo enrugado, os olhos esverdeados, boca rachada e um nariz pontudo para baixo com uma verruga bem na ponta.

Depois de mais algumas balançadas insistentes, peguei a flor e me virei para andar mais a frente, “Poderiam adultos ainda acreditar em nós?”, ainda abismado atrevi a olhar para trás, mas o velho já não estava mais ali. No lugar uma pequena linha de fogo dava a volta numa das 'pernas' da torre, segui, mas não encontrei ninguém, até que um zumbido de algo que definitivamente não era uma mosca passou raspando pela minha orelha esquerda e assim que olhei para o chão encontrei uma flecha fincada, olhei o céu e não enxerguei ninguém, mas por precaução me escondi embaixo da torre, esperando outros disparos, porém nenhuma flecha mais caiu.

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Segurei o cajado com firmeza, quem quer que fosse estaria há alguns metros em cima da torre, só assim teria uma visão ampla, então dei a volta esperando surpreendê-lo, contei até três e flutuei pela lateral oposta, dando uma pequena volta na torre, só que quando voltei ao ponto de onde tinha saído não encontrei ninguém. Observei ao meu redor e mais uma vez quando olhei para cima do monumento, vi algumas flechas sendo disparadas, não mais em minha direção, e sim em algumas pessoas que se encontravam ao redor da torre. Enquanto o elemento estava distraído com os humanos, procurei pelos outros, especificamente por Tooth, que haveria de se destacar flutuando por ali e assim que a encontrei, tentei ir em sua direção e me juntar aos outros, mas outra flecha passou zunindo do meu lado, fui obrigado a parar, ele estava brincando comigo e eu não ia deixar barato. Voltei para a torre de metal e tentei localizá-lo, não foi muito difícil, a apenas alguns metros do chão, sentado no primeiro suporte da torre, estava um ser, rindo.

Voei rapidamente na sua direção, desviando de todas as flechas lançadas no caminho, quando cheguei ao local onde o garoto estava, não o achei.

— Quem é você e porque está me seguindo? – A voz vinha de trás de mim, lentamente me virei e me deparei com uma flecha apontada para a minha testa. Aquele que a segurava tinha a silhueta parecida com a que tinha visto no lar de Pitch. Suas vestes eram completamente diferentes das que já tinha visto por ai, desigual á de qualquer guardião. – Quem é você e porque está me seguindo? – Perguntou um pouco mais nervoso.

— E-eu...

— Acalme-se, Cupid, ele está conosco. – Era a voz de North, nunca me senti tão feliz ao ouvir sua voz, não que precisasse ter medo dele também. O suposto Cupid virou-se para ver quem falava.

— Ah! Olha só, quanto tempo não os vejo. Este aqui é seu amigo então? – Inclinou a cabeça para mim.

— Amigo não, se quiser enfiar uma flecha na testa dele não tem problema nenhum. – Bunnymund soltou, sorrindo, o outro riu de volta abaixando a flecha, colocando o arco no ombro esquerdo e a flecha na aljava no ombro direito.

— Este é Jack Frost, Cupid, acredito que já tenha ouvido falar dele. – North prosseguiu.

— Jack Frost? Então esse é o famoso Jack Frost? – Ele passou o braço no meu ombro esquerdo apontando com a outra mão, todos assentiram. – Não me parece tão impressionante assim. – Sorriu de lado, largando.

— E você é o Cupid? – Ele assentiu.

— Pela sua cara você esperava algo diferente, uma criança com uma fralda voando por aí com um arco e flecha atirando no traseiro das pessoas, talvez? – Hesitei, ele realmente era diferente do que eu esperava, não tinha as asas de anjo que tanto ouvi falar. – Não precisa. – Não pude responder. – Só vão embora, tenho coisas a fazer. – E virou de costas, pronto para ir embora.

— Precisamos conversar com você. É um assunto muito importante. – North se pronunciou.

— O que poderia ser tão importante quanto o amor, North?

— O Man in the Moon, Cupid. – Ele paralisou, olhou nos olhos de cada um e pude ver que os seus eram verdes, que suas sobrancelhas eram grossas, seu nariz era redondo, a boca uma linha só. As orelhas ficavam escondidas pelos cabelos bagunçados e que bem atrás, no lado direito, seu cabelo estava em pequenas tranças.

— Parece ser sério mesmo. – North assentiu, ele bufou. – Vocês têm dez minutos, vamos sair daqui.

❄❅❆❆❅❄

Todos saímos da grande torre de metal e voltamos ao lugar onde estávamos antes de me separar deles, mas dessa vez longe dos arbustos e sim no espaço aberto bem em frente a torre, com grama, árvores, formando uma verdadeira paisagem, um ótimo lugar para relaxar. Nos sentamos no chão bem próximos. Todos perplexos com Cupid, já que assim que ele decidiu se sentar, um fogo tomou conta de seu corpo e aos poucos foi diminuindo de tamanho, até as asas sumiram, o que parecia ser um cara que tinha, provavelmente, a mesma idade que a minha, agora parecia uma criança, uma versão menor do que ele era. Sem as armaduras, as asas horripilantes, o arco e flecha, tudo que aparentava deixá-lo mais velho sumiu, dando lugar a uma simples criança.

— Como você faz isso?! – Não aguentei mais a curiosidade, antes era um homem velho sem dentes, depois um jovem e agora uma criança. Ele sorriu.

— Cada um de nós tem suas peculiaridades, garoto da neve. Você realmente achou que o amor era algo simples, frágil? – Ele riu. – O amor é muito mais que isso, ele pode ser doce e gentil, ou intenso e selvagem. É um sentimento muito sedutor e quente, – Passou dedo pelo meu tronco e por algum motivo, meu coração acelerou enquanto ele deslizava o dedo pela blusa azul que tanto uso. – mas não creio que alguém como você entenderia isso. – Sorriu novamente.

— O-o q-que você quer dizer?

— Enfim. O que tem o Man in the Moon? – Fui ignorado enquanto ele se direcionava aos outros, ninguém parecia querer falar. – Então? Nada a dizer? – Bufou e se levantou, pronto para sair.

— Acalme-se. – North finalmente disse.

— É algo muito difícil de compreender. – Falei, procurando um pouco da sua atenção, o que foi em vão, “Qual o seu problema comigo?!

E então explicaram o que havia acontecido, desde termos recebido a sombra gritante no Polo Norte, até irmos ao lar de Pitch e o que aconteceu por lá, o garoto ficou mais confuso ainda e depois de um tempo em silêncio total, ele finalmente proferiu:

— Então o Pitch simplesmente se desfez? Como areia? – Afirmamos. – Entendi.

— Esperávamos que soubesse explicar o que aconteceu de verdade. – Tooth enunciou. Cupid a olhou perplexo como se a resposta fosse óbvia, olhou nos olhos de todos, menos o meu, e percebeu que não fazíamos a mínima ideia do que tinha ocorrido de fato, por fim ele fitou Sandman.

— Ele não explicou para vocês? – Apontou para o mesmo, todos olhamos para Sandman que apenas levantou os ombros para se defender. – Ah, claro, o voto de silêncio. – “Voto de silêncio?” – Bom, não estive lá para ter certeza, mas é quase certo de que o Bicho-Papão se foi.

— Mas isso não é impossível? O medo sumir? – Questionei.

— Sim, é verdade, o medo sumir é impossível. – Então? – Mas você precisa entender Jack Frost. Somos a personificação de alguma coisa, por exemplo, eu sou a personificação do amor, se eu desaparecer, não significa que o amor vai sumir. Ele estará em todo o lugar, assim como o medo, não é possível destruí-lo, apenas afastá-lo, que é o nosso dever.

— Então ele pode voltar?

— Creio que não, se o lar dele foi engolido pela escuridão como vocês me disseram, acredito que ele seja apenas onipresente agora. Não é possível trazê-lo de volta, não que eu saiba, claro. – Onipresente? Olhei para Sandman procurando a confirmação daquilo. – Quem quer que tenha feito isso, é muito poderoso. – Isso foi um grande susto, "Quem quer tenha feito isso...?", aquela frase se repetiu várias vezes em meus pensamentos, Alguém mais poderoso que o Bicho-papão?

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— E quanto ao Man in the Moon mostrar a sua imagem para nós?

— Quanto a isso, não posso dar um resposta agora, não tenho certeza. – Ficamos todos em silêncio, se nem mesmo o Cupid, o guardião mais antigo de todos não sabia o que fazer, o que nós poderíamos então? – Me desculpem.

Só que ele não tinha culpa de nada, tudo havia acontecido muito rápido até mesmo para nós.

— Você poderia ao menos vir conosco, apesar de tudo, você foi chamado pelo próprio Man in the Moon, tem que ter algum sentido nisso. – Bunnymund argumentou.

— Exatamente e se você estiver conosco, estaremos prevenidos pro que vier. – North concluiu.

— Não posso.

— Por quê? – Finalmente perguntei.

— Por conta daquilo. – E ele apontou para o céu escurecido.

Mais um tempo e luzes se acenderam, iluminando a Torre Eiffel, mas não era para aquilo que Cupid apontava e sim mais acima. Era difícil de ver, pareciam pássaros pretos, vários deles voando para o sudeste. Levantei-me, segurei firme o cajado e dei um pulo, querendo ver mais de perto e finalmente pude.

Não eram pássaros, e é incrível o que estou para comentar agora, mas na realidade eram dragões. Isso mesmo, dragões. Pequenos e de várias cores diferentes, alguns soltavam fogo e todos pareciam meio adormecidos enquanto seguiam a fila, Tooth, Sandman, e até o próprio Cupid, de volta como o garoto sem perna esquerda se juntaram a mim para ver o pequeno show, era realmente belo e engraçado ver como brincavam e brigavam entre si, mas a pergunta que não queria calar era:

— Como?

— Hora, a Tooth tem suas Fadinhas para ajudar, North tem os yetis e os duendes, Bunnymund tem... – Ele pensou um pouco. – Seja lá o que forem aquelas coisas e os seus ovos para entregar, já eu, tenho dragões. – Disse com orgulho.

— Mas como isso é possível?

— Você é um guardião e ainda me faz essa pergunta? – Sorriu e não pude evitar de sorrir com ele.

— E por que não pode vir conosco? – Tooth questionou enquanto voltávamos aos outros dois que tinham ficado no chão, sem poder ver tudo mais de perto.

— Estão vendo para onde eles estão indo? – Assentimos. – Estão seguindo para o Oriente, onde em breve, já será dia, mas antes de irem para lá, vão parar na Croácia, descansar na minha casa, se unir aos seus irmãos e prosseguir, alguns ainda ficam por aqui no Ocidente e depois vão para lá. – Cupid os observava com algo nos olhos.

— E você não pode vir com nós, porque... – Tooth tentou concluir, mas Cupid continuou.

— Porque, se o que aconteceu for verdade e tiver alguém perigoso por ai, não posso deixá-los sozinhos, tenho que cuidar deles. É a minha tarefa. Como um pai cuida de um filho. – Pela Lua.— Vocês também tem suas tarefas, certamente não podem pará-las assim, do nada, – Todos concordaram. – tenho que continuar com a minha e se me dão licença, tenho de acompanhá-los agora, a Croácia ainda está longe daqui.

Ele se afastou de nós, sem mais nem menos, parece que nem mesmo o Cupid era tão independente assim quanto eu imaginava. Todos compreendiam o que ele havia dito, querendo ou não, ainda temos obrigações a fazer, quero dizer, eles têm, eu não e se tem alguém que poderia ajudá-lo com isso, com a proteção de todos aqueles dragões, seria eu.

— Ele está certo, temos que voltar, ainda há coisas para serem feitas. – Bunnymund disse por fim, North e Tooth pareciam concordar, relutantemente, mas Sandman e eu não, nos entreolhamos e logo nos entendemos.

— Vocês vão, eu e Sandy, iremos ajudá-lo. Assim como fizemos com as fadinhas da última vez. – Disse olhando para Tooth nos seus olhos, ela entenderia tudo como ninguém. Ninguém pareceu discordar.

— Bom, só vão conseguir ajudá-los com um pouco mais de ajuda, não é mesmo? – Bunnymund argumentou e logo sorri. Aquele cara podia ser um canguru chato, mas tinha um bom coração. – Então, vamos?

— Vamos. – Respondi com alegria.