A Origem dos Guardiões – O Guardião Primordial

CAPITULO XII — AQUELES OLHOS (DOURADOS)


Não dormi, não consegui, ficava revendo tudo o que tinha se passado até agora e tentando lembrar de todos os detalhes sobre o que aconteceu entre mim e Cupid na Transilvânia.

Foi tudo tão estranho, estávamos conversando e foi como se eu tivesse sido empurrado, encontrando diretamente o chão, por um momento pensei que tivesse sido Cupid e quando levantei a cabeça para poder encará-lo, encontrei outra situação. Na minha frente estava uma pessoa de cabelos brancos usando roupas parecidas com as que eu mesmo estava usando. O guardião do amor estava logo ao seu lado, observando a figura um pouco espantado.

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Frost, você está bem? — Ele perguntou dizendo meu nome, mas não estava olhando para mim, ainda olhava para o albino. — Frost? — Levantei, preparado para respondê-lo, mas o albino foi mais rápido.

Estou bem. — Respondeu depois de uma fungada. Alguma coisa ali não parecia certo, minhas suspeitas foram confirmadas quando lentamente o outro virou seu rosto para atrás e me encarou, seguido de um sorriso malicioso. — Nunca estive melhor. — Mas era o meu rosto. O outro eu se abaixou para pegar o arco de Cupid, seus olhos... Meus olhos azuis por um instante ficaram amarelados. Não. Não era amarelo, minha iris estava dourada, assim como os olhos de Pitch.

Cupid fique longe dele! — Finalmente disse alguma coisa, meus olhos voltaram a ficar azuis, mas o guardião não pareceu me ouvir, sai de meu lugar e corri para encontrá-lo, enquanto o mesmo continuava a encarar o outro eu. — Cupid, você está me ouvindo?! — Estiquei o braço direito para tocar seu ombro e chamar sua atenção, porém quando finalmente estava perto encostá-lo, minha mão o atravessou e eu quase cai no chão mais uma vez. Fixei os olhos em minha mão, não acreditando no que acabara de acontecer, levantei novamente e dessa vez mais próximo de Cupid, tentei tocar em seu ombro outra vez, entretanto o mesmo aconteceu. — Cupid! — Gritei mais uma vez, em seguida ouvi uma gargalhada e ao procurar o seu dono, encontrei a mim mesmo já de pé.

Do que está rindo garoto da neve? — Ele não conseguia me ver ou ouvir.

De nada. — O outro eu disse ainda sorridente e por algum motivo eu soube que as coisas começariam a piorar a partir dali, o vi apertar o arco mais forte em sua mão.

Cupid pare ele! — Mas ele não me ouvia. O outro eu levou a mão livre próxima a sua boca, a fechou como se fosse dar um soco, porém deixou um espaço entre a palma da mão e os dedos, quase como se estivesse segurando alguma coisa. Ele tomou fôlego.

Jack? — Assoprou. E pelo vão de seus dedos, pude ver e sentir o vento gelado se movimentando rápido em minha direção, o que rapidamente se tornou uma rajada de vento, não demorou muito para que eu fosse levado para longe do lugar onde estava, deixando Cupid e aquela coisa no topo da montanha. Sozinhos.

— Jack? — Não era a voz de Cupid, era outra pessoa me chamando de volta para a realidade. — Ei, você está bem? — Era Bunny.

— Desculpa. Estou.

— Está mesmo? Você parecia estar bem longe daqui. — E estava mesmo.

— Não paro de pensar em Cupid. Preciso vê-lo Bunny, tenho que falar com ele, se o que eu me lembro realmente aconteceu...

— Aconteceu, Jack. — Fixei o olhar em Bunny, estávamos apenas nós dois no quarto. Ele estava sentado na cama próximo de mim e estava bem sério, não havia motivo para ele brincar sobre isso, se ele realmente sabia sobre o que eu estava falando. Respirei fundo, sentindo uma pontada no estomago.

— Então é realmente um assunto bem urgente e preciso falar com ele. — Não tinha como ficar adiando isso. E era um assunto entre o guardião do amor e eu, não era necessários que os outros guardiões estivessem presentes.

— Então por que não vai?

— Porque North...

— North acredita que temos que resolver tudo em conjunto, ele quer que Cupid veja que nós guardiões somos melhores juntos do que separados, e não o critico, creio sim que ele está certo. Estamos nos preparando para um inimigo cujo o rosto nem vimos ainda, mas há algumas batalhas que devem ser enfrentadas sozinhas, e creio que esta entre você e Cupid, é de vocês dois e de ninguém mais.

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— Bunny...

— Então levanta dessa cama e vá fazer o que acha que deve fazer. — Bunny estava certo, que fique muito bem registrado que essa é uma daquelas poucas vezes nas quais ele aconselha como um amigo e que eu ouço, é raro de acontecer. Sorri olhando para aquela cara peluda fofa e o outro apenas revirou os olhos gesticulando para que eu saísse da cama, e assim o fiz.

Bunnymud abriu a porta do quarto pra mim silenciosamente, tratei de sair na primeira brecha. Do lado de fora ouvi barulhos, conversas, vindo do lado esquerdo então segui pelo outro lado, procurei ao máximo evitar ser visto por qualquer um dos outros guardiões, creio que Bunny tenha dado uma ajuda quanto á isso também, o que era melhor do que o esperado. A grande questão era fugir dos yets e de alguns duendes que andavam para lá e para cá na casa de North, sempre carregando ou discutindo sobre alguma coisa, mas conseguir sair sem ser notado, no caminho ainda aproveitei e peguei emprestado um dos globos de neve de meu velho amigo, mesmo sabendo que ele não seria devolvido, e que ele ficaria uma fera depois, por ter pego algo dele sem sua permissão, provavelmente entraria na lista dos malvados mais uma vez, Droga, nunca consigo ficar do outro lado, porém tenho fé que ele entenderia meu motivo.

Do lado de fora pude sentir o ar gélido do local, absorvi, expirei e inspirei, parecia a primeira vez que sentia o ar passando por mim assim. Fechei os olhos e pensei em Cupid, meu coração disparou, procurei me acalmar enquanto segurava o globo de neve em uma mão e o cajado na outra. Busquei visualizar o Palácio do Amor, mesmo com os pensamentos a mil, as últimas palavras daquela ilusão ecoando em minha mente: "(...) muito menos a parte entre você e Cupid, porquê claramente, ali não fui eu, foi você."

Abri os olhos novamente, o monumento estava mais claro que nunca. Joguei o globo com toda a força, observei enquanto ele explodia e mais um portal se abria na minha frente com uma estrutura embaçada a mostra. Tomei fôlego, É agora, e corri em sua direção.

❄❅❆❆❅❄

Cupid provavelmente não tinha retirado a permissão dos guardiões de adentrarem no seu palácio, pois foi fácil entrar pela porta principal e logo ser recebido pelo meu novo amigo dragão, Snowburst, que parecia ter crescido um pouco mais. Como se já fosse um costume, sua calda espinhuda se enrolou em uma das minhas pernas enquanto o mesmo tentava me arrastar para algum lugar, aparentando estar mais forte que da última vez.

Porém agora já estava familiarizado com o local, se Cupid estava realmente na biblioteca, sabia exatamente como chegar lá, como chegar até ele.

Após passar pelos mesmos corredores pude finalmente enxergar meu destino, e com isso uma onda percorreu meu corpo seguido dos aceleramentos dos meus batimentos cardíacos, bem provável que se tivesse mais alguém ali comigo meu coração seria bem audível.

Faziam dois dias desde o que tinha acontecido na Transilvânia, e boa parte ainda estava coberto por uma névoa para mim, por mais que pensasse no assunto, mais parecia que ele fugia, como se estivesse sendo empurrado para longe, assim como fui daquela montanha.

Por mais inacreditável que possa parecer, depois daquele sopro eu acabei parando em cima do telhado do Hotel, meio zonzo, estava observando enquanto a neve cobria o lugar inteiro. O vento se tornando cada vez mais forte, já sabia, uma tempestade estava vindo. Quando recuperei meus sensos pude prestar atenção no meu redor e ouvir os hóspedes do Hotel preocupados com a nevasca que estava por vir, não pude evitar de pensar que era minha culpa.

E conforme caminhava pelo corredor que levava a porta da biblioteca, recordei dos esforços de Cupid de parar o que, supostamente, eu estava fazendo. Tudo sendo em vão.

— Jack? — Dessa vez não era um grito e sim um chamado, fazendo com que eu voltasse ao presente. Era a voz de Cupid que havia passado pela porta entre aberta, eu nem tinha notado que já estava com a mão na maçaneta. Empurrei a mesma, encontrando o dono daquele palácio sem expressão alguma.

Ele estava de pé com as mãos apoiadas em uma mesa, sobre a mesma estavam alguns livros e um artefato de madeira, que parecia ser seu arco. O guardião me olhava, apenas isso. Não parecia surpreso, triste, feliz, com raiva, ou com qualquer outro tipo de emoção, estava indecifrável e como aquilo me frustrava, queria saber o que se passava por detrás daquelas orbes verdes.

— Oi. — Respondi com melhor sorriso que tinha, acenando com a mão livre.

— Oi. — Ele disse retornando sua atenção ao que estava em cima da mesa. — Parece que resolveu finalmente levantar da cama. — Evitou o contato direto comigo, mesmo assim ousei em me aproximar. Aproveitei o momento para dar uma olhada pela biblioteca, procurando por algum sinal dos intrusos do palácio. — Todos estavam ficando preocupados.

Inclusive você? — Disse em voz volta ao invés de ter guardado em meus pensamentos e me arrependi no segundo seguinte, Cupid trocou um olhar comigo e, definitivamente, tinha alguma coisa não muito boa ali, porém ele não disse nada, apenas retornou sua atenção à mesa. — E o que você está fazendo?

Pouco a pouco aproximei-me mais do guardião, o mesmo não guardava esforços para ignorar enquanto eu cautelosamente observava os livros espalhados, grande parte deles estava em uma língua antiga, que hoje descobri que entendo perfeitamente bem, todos sobre antigos mitos.

— Cupid, eu... — Comecei a falar, mas fui interrompido.

— Não. Frost. Por favor. Não. — Respirou fundo, sem tirar seu foco do arco.

— Mas nós precisamos...

— Jack. Chega. — Finalmente me encarou. Aquelas iris verdes chamuscavam como uma fogueira. — Nós não precisamos falar sobre isso, já aconteceu. Siga em frente. — Ele não queria, só que alguma coisa dentro de mim não iria permitir não ter essa conversa, além do mais, precisava ter certeza que realmente aconteceu. Que não foi um sonho.

— Penso diferente. — Mantive firme.

— Quer dizer então que você pensa? — Ficou de pé, sua frase me atingiu em cheio, ele até poderia ter o direito de ficar nervoso, mas ao ponto de não conseguir ter uma conversa sem me insultar já é demais.

— Penso, e parece que sou único raciocinando bem aqui. — Mas ainda sim não iria explodir com ele, estava me esforçando para controlar meus sentimentos, mas o inverno dentro de mim pedia uma nevasca, e uma parte de mim queria liberá-la.

— Você realmente quer falar de raciocínio, Jack? — Cupid se afastou da mesa, era possível sentir as duas forças opostas se chocando pelo ar. — Quer dizer que agora você está conseguindo raciocinar direito? E dois dias atrás você estava com a cabeça aonde?

E ele estava certo, aonde minha cabeça estava na Transilvânia? Por quê essa neblina?

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Quando toquei o arco de Cupid recebi uma força muito poderosa e dela fiquei embebedado até de repente ser expulso do meu corpo. O guardião do amor não conseguiu me ouvir enquanto eu gritava para ele me parar, assim como nenhum hóspede do Hotel, quase como se eu fosse um fantasma que ninguém via ou ouvia. Do mesmo jeito que aquela ilusão na casa de North, aquele outro eu, ninguém percebeu sua presença ali, mesmo com ele conversando diretamente comigo. Mas por quê ele era tão diferente de mim?

Só que se eu dissesse isso a Cupid ele poderia achar que era mentira. Apenas uma desculpa para o que aconteceu quando ele me devolveu o cajado.

Enquanto ele procurava por algum senso na cabeça do outro eu, o verdadeiro eu observava de longe, queria ajudá-lo, mas não conseguia nem ao menos saltar para onde eles m,estavam. Não demorou muito para que ambos se separassem, meu corpo físico dançava com o vento, e uma tempestade de neve parecia segui-lo, como um inseto indo diretamente a luz.

Eu havia parado em um salão do Hotel, haviam vários monstros ali, todos preocupados com o que estavam vendo, e a culpa era minha.

O que está acontecendo?

Bunny? — O guardião se sobressaia na multidão com suas orelhas fofas e logo atrás dele estava Sandman, flutuando a alguns centímetros do chão. — Bunny sou eu, Jack! — Tentei falar com ele, assim como tinha com Cupid antes.

Sandy, consegue ver Jack e Cupid? — Mas fui ignorado, eles também não conseguiam me ouvir. Sandman se elevou um pouco e logo apontou para o alto, surpreso, segui seu olhar e puder ver o que acontecia, Cupid estava voando para a nossa direção. Sandman e Bunnymund correram para encontrá-lo, abriram a porta de vidro e o encontraram na sacada, juntei a eles mesmo que não conseguissem me enxergar. — Cupid está tudo bem? O que aconteceu? — O guardião do amor estava ofegante.

Jack... — Recuperava seu folego. — Tem alguma coisa de errada com ele, não parece... Ser ele mesmo. — Seu olhar demonstrava sua preocupação, um sentimento me atingiu em cheio: raiva.

Nós ouvimos a explosão e viemos atrás de vocês logo em seguida.

Eu acho que... — Cupid não conseguia mais olhar nos olhos de Sandman ou de Bunnymud. — Acho que a culpa é minha... — Ah... Se ele pudesse ao menos ter visto os meus olhos.

Minha mente parecia viajar entre o que eu havia esquecido e o que estava presenciando, no momento ainda estava carregando o olhar irritado de Cupid, como pode isso acontecer? De um minuto ele mudou de uma pessoa preocupada para essa que só tem raiva no olhar, por quê Cupid?!

— Perdi a cabeça uma vez, — Não aguentei. — e você que já a perdeu há tempos? São o que? Quinhentos anos, mil anos, procurando por um cara que pode muito bem estar fugindo de você?! — Por um instante pensei que ele ficaria tão irritado que me bateria ali mesmo, admito que fiquei surpreso ao ver as lágrimas se formando em seus lindos olhos verdes. Tinha conseguido, havia tocado onde não devia e já estava me arrependendo profundamente.

❄❅❆❆❅❄

Desculpa.

Foi apenas o que consegui dizer, depois de ter quase estourado com ele. Em algum momento da nossa discussão foi possível sentir o calor e o frio se debatendo, as duas forças opostas na mesma intensidade e se Cupid não tivesse mudado sua expressão, creio que iriamos entrar em conflito e a biblioteca sofreria a maior parte dos danos.

Mas ele apenas ficou ali em silencio com um olhar sem vida, de partir completamente o coração. Não devia ter dito o que disse, porém já estava feito, e cabia a ele dar o perdão ou não.

— Cupid, — Procurei aproximar-me um pouco mais, sabia que vê-lo chorar não melhoraria em nada a situação, ainda mais se a culpa fosse minha. A verdade é que ficaria sem chão algum. — me perdoa, não quis dizer exatamente aquilo. Foi uma coisa do momento, de verdade. — Ele fitou o teto da biblioteca respirando fundo, depois passou as palmas das duas mãos em seus olhos, limpando e impedindo que qualquer lágrima fosse derramada. Em seguida ele virou de costas para mim, olhando diretamente para o fundo da biblioteca, para o desenho que tinha ali: de Nightlight e ele.

— Tem mais um motivo para o meu desespero de encontrar Nightlight. — Finalmente ouvi sua voz.

— E qual é? — Ele começou a caminhar em direção a parede, cuidadosamente contornei a mesa que nos separava e lentamente acompanhei seu passo, mantendo uma certa distância.

— Eu... Nunca contei isso pra ninguém. Nem mesmo Skellington sabe. — Senti meu coração acelerar.

— Sei que nos conhecemos há poucos dias e que passamos por alguns problemas, porém quero que saiba que pode confiar em mim. — Ele tocou no desenho de Nightlight e respirou fundo.

— De começo, não me pareceu um problema tão grande... — Começou. — Ainda estava procurando por ele quando percebi que estava esquecendo de algumas coisas relacionadas á ele.

— Como assim?

— Uma vez, me peguei pensando em seu sorriso e como era sua risada, passei anos ao lado de Nightlight, estava mais do que acostumado com seus risos, mas de repente, já não lembrava de como eles eram. — Cupid encostou a testa na parede. — Foi assim, de inicio foram coisas pequenas: seus risos, suas brincadeiras e então começou a piorar, logo já não lembrava da sua roupa, sua voz, seu toque. — Ele começou a tremer. — Tudo o que eu tenho dele hoje é uma imagem de sua silhueta e uma cabeça sem face, e quando nós nos... — Parecia ter dificuldade de dizer aquelas palavras, doeu até em mim, ouvir aquela voz triste e sem poder fazer nada, novamente me recordei da Transilvânia e como ele pareceu tão perdido enquanto "eu" causava o caos.

— Do que você esqueceu? — O guardião começou a fungar, ele não queria mostrar seu choro.

— Quando... — Ainda com dificuldade para falar. — Quando aquilo aconteceu e eu olhei no fundo dos seus olhos, Frost, permiti por um instante esquecer de todos os problemas, de todos os anos de angústia que passei sozinho e quando voltei a realidade, os olhos de Nightlight haviam sumido. — Cupid deslizou até o chão e não consegui mais conter a nossa distância, pulando rapidamente para o seu lado, a cada palavra que saia de sua boca, sua voz se tornava mais triste. — Tenho medo, Frost. Tenho medo de quando encontrá-lo, não conseguir reconhecê-lo.

Toquei em seu ombro, senti sua tremedeira e me abaixei para ficar mais próximo dele, mas ele foi mais rápido, abraçando o meu tronco inesperadamente, deixando com que o cajado caísse da minha mão. Fiquei sem reação, podia ouvi-lo chorar, as lagrimas caindo na minha calça. Só consegui apertar ainda mais seu abraço e afagar sua cabeça com a mão livre.

— Lembra da nossa conversa naquela montanha na Transilvânia? Aquela antes de eu perder a cabeça. — Ele não respondeu. — Você disse que tínhamos que encontrar Nightlight para falar com a Lua. Isso provavelmente seria a grande solução dos nossos problemas. — Senti um aperto no peito. Não queria falar o que viria em seguida, mas era o necessário para trazê-lo de volta a si. — Ei... Nós vamos encontrar ele. Eu, você e os outros guardiões. Você vai ter seu amado de volta e eu terei a resposta para as minhas perguntas. — Cupid já tinha parado de tremer, agora apenas inspirava e expirava profundamente, parecia mais calmo. — Mas não vamos conseguir nada com você aqui chorando, certo? — Ele acenou a cabeça, ambos afrouxamos o abraço e quando ficou livre de mim, usou sua habilidade de se mover como fogo para se levantar e afastar de mim, mantendo uma distancia e ainda de costas para mim limpou os olhos.

— Você está certo. — E então me olhou com os olhos avermelhados e o rosto um pouco inchado. — Tenho que deixar esses detalhes de lado e focar em encontrá-lo. — Se aproximou rapidamente de mim e estendeu a mão para que levantasse. — Muito obrigado, garoto da neve e me desculpe por tudo o que disse, não era minha intenção ser tão grosso.

— Tudo bem. — Meu corpo relaxou, ele estava sorrindo. — Então, — Peguei o cajado do chão. — o que você fez nesses dias de isolamento aqui? — Olhei em volta na esperança que nenhum dos fantasmas estivesse visível no momento.

— Procurei por pistas do paradeiro de Nightlight e aproveitei para estudar um pouco o que tinha acontecido com o meu arco, mas não tive sorte. Inclusive, por hora, acho melhor você ficar longe do arco, por precaução é bom não pegar ou encostar nele, não quero passar por todo aquele trauma de novo. — Suspirei aliviado, Cupid iria fazer questão de que eu não ficasse com o arco dessa vez e não teria que ver tudo aquilo outra vez. — Mas quero resolver um problema de cada vez.

— Qual deles?

— O de Tooth.

— O que tem Tooth?

— Creio que tenho uma ideia para podermos conversar com os ratos. — Ele parecia um pouco mais animado. — Onde estão os outros guardiões?

— Estão na casa de North.

— Então vamos para lá agora. — Cupid já se dirigiu para sair da biblioteca, me levando junto dele.

— Não é melhor esperar eles virem até aqui? Tenho certeza que eles virão para cá o mais breve possível quando perceberem que não estou mais na cama, e vamos demorar muito tempo para chegar até lá.

— North não é o único que tem truques na manga Frost. Tenho um atalho, chegaremos lá mais rápido do que você imagina.

— Que atalho é esse?

— Você vai ver. — Sorriu escondido enquanto me puxava pelos corredores de seu Palácio.